Eleições Americanas: o que o investidor precisa saber?

Os Estados Unidos é o país de economia mais forte mundialmente. Por isso, também exercem grande influência política em todos os demais. Assim, é de se esperar que as eleições presidenciais americanas ganhem atenção, principalmente por parte dos investidores.

Muitos brasileiros se questionam de que forma as eleições podem impactar não apenas suas carteiras de investimentos, mas toda a economia. Afinal, boa parte do que vivemos depende de relações internacionais.

As eleições presidenciais 2020 acontecerão no início de novembro nos EUA. Por isso, preparamos abaixo um material para que você possa se inteirar mais sobre o assunto.

Como as eleições americanas funcionam?

Os brasileiros estão acostumados a pensar no voto direto popular. O voto no Estado A vale a mesma coisa que o voto no Estado B no cômputo final.

Nos EUA, contudo, não acontece assim. Por eles terem uma organização como confederação de Estados Unidos, cada Estado do país pode ter suas próprias regras eleitorais. Assim, o peso deles na disputa pela presidência não é igual.

Algumas regras eleitorais gerais também são bem diferentes nas eleições americanas. O voto, por exemplo, não é obrigatório. Além disso, a eleição de um presidente se dá de maneira indireta, pelo colégio de delegados.

Isto é, para cada Estado da federação, há uma quantidade de delegados que é proporcional ao seu número de parlamentares. Portanto, existe uma proporção do tamanho do Estado para a quantidade de “eleitores” nesse colégio eleitoral. O candidato que vence a votação popular no Estado recebe o voto de todos os delegados daquele Estado. É o famoso “winner takes all” (o vencedor leva tudo). É aqui que se dá o voto indireto, pois apesar do candidato perdedor ter eleitores naquele Estado, na prática ele não recebe nenhum voto.

Os Estados Unidos têm, no total, 538 delegados — e um candidato precisa de maioria, ou seja, pelo menos 270 para vencer a eleição.

A organização da eleição no sistema do “vencedor leva tudo” tem como consequência um arranjo diferente: um candidato pode vencer o voto popular, mas não ser eleito presidente por perder no colégio de delegados.

Partidos

Embora os Estados Unidos adotem um sistema multipartidário, existem apenas dois principais. A despeito das dezenas de partidos políticos, somente os democratas e republicanos normalmente disputam as eleições para presidência com chance de vitória. O primeiro partido mencionado é conhecido por defender uma maior intervenção do estado na economia e bandeiras mais progressistas nos costumes. Por sua vez, os republicanos preferem uma pequena participação do estado na economia e preservam ideias mais conservadoras.

Existem Estados que possuem uma forte inclinação política a favor do partido republicano e outros do democrata. E há um conjunto de 8 a 12 Estados que flutuam entre eleições, ora votam no candidato democrata, ora no republicano – chamamos esses de “swing states”.

A campanha eleitoral de cada candidato se concentra prioritariamente nesses “swing states”, em função do sistema “vencedor leva tudo”. Afinal, por que um candidato faria uma campanha (gastando dinheiro, tempo e energia) em um Estado em que ele sabe que vai vencer?

Como as eleições americanas impactam os investidores brasileiros?

A disputa eleitoral nos EUA pode influenciar nos seus investimentos, mesmo que você seja uma pessoa que não aplica em ativos com exposição internacional.

Por esse motivo, é de se esperar uma maior volatilidade nos mercados – especialmente na bolsa de valores e no câmbio. O movimento é natural e o investidor precisa saber lidar com ele nesse cenário de decisão, que tende a impactar a maior parte das economias do mundo.

Quem são os candidatos à presidência dos Estados Unidos?

Em 03 de novembro de 2020, os EUA escolherão entre Donald Trump e Joe Biden para a presidência. O primeiro é o atual presidente do país e tenta a reeleição. E antes de ter se tornado político, há poucos anos, ele já era empresário e uma personalidade da mídia. Trump é representante do partido republicano e venceu as eleições em 2016 contra Hillary Clinton. Na época, ele teve menos votos totais, mas recebeu mais votos no colégio de delegados, conforme o sistema que você acabou de ver.

De outro lado, há Joe Biden. Ele é advogado e político, filiado ao partido democrata. Recentemente, ele foi vice-presidente durante os dois mandatos de Barack Obama — entre os anos de 2009 e 2017. Também teve mandatos como senador no Estado de Delaware.

O que é melhor para o Brasil: Trump ou Biden?

Uma das maiores dúvidas para brasileiros é exatamente pensar em quem seria o melhor presidente do ponto de vista do nosso país. O sócio e economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, tem grande interesse e conhecimento no assunto.

De acordo com a análise dele, independentemente de quem seria melhor para o Brasil, é preciso considerar as maiores chances estatísticas de Biden vencer.

Segundo Ivo, politicamente, é de se esperar que a vitória do Trump fosse melhor para o Brasil, por conta de um maior alinhamento político do atual presidente Jair Bolsonaro com o candidato republicano. Entretanto, ele também acredita que Biden pode ser interessante para a relação internacional. Isso porque ele tem uma tendência mais multilateral do que o presidente Trump — que, em seu mandato, usou de uma diplomacia um pouco mais agressiva e bilateral.

Por essa ótica, uma vitória de Biden poderia reduzir conflitos econômicos internacionais e gerar crescimento em diversos países no mundo. No entanto, a organização interna brasileira demanda atenção. Ainda que as eleições norte-americanas influenciem a vida dos brasileiros, é preciso olhar para os desafios internos. Em especial, o risco fiscal, que segue como o principal obstáculo para um cenário mais benigno da nossa economia.

Caso você tenha dúvidas sobre esse momento político, siga acompanhando nossas redes sociais! Compartilharemos informações úteis com os investidores ao longo dos próximos dias.